Acidentes de trabalho no Amazonas registram aumento de 61%

O Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR) apontou um crescimento expressivo de 61% nos processos por acidentes de trabalho no Amazonas entre 2020 e 2024. No mesmo período, as demandas judiciais relacionadas a doenças ocupacionais também cresceram 29%, sinalizando um aumento geral dos litígios trabalhistas ligados à saúde e à segurança dos empregados com carteira assinada.

Em números absolutos, os registros por acidente de trabalho saltaram de 1.084 ações em 2020 para 1.752 em 2024. Já os casos de doenças ocupacionais passaram de 966 para 1.249 no mesmo intervalo. Somente nos primeiros três meses de 2025, o TRT-11 já contabilizou 825 novos processos — o que reforça a tendência de alta registrada nos últimos cinco anos.

Em 2024, a média de ajuizamento de processos por acidente de trabalho foi de um caso a cada cinco horas; para doenças ocupacionais, essa frequência foi de um processo a cada sete horas. Esses números refletem não apenas o aumento da ocorrência de eventos adversos no ambiente laboral, mas também uma maior conscientização dos trabalhadores quanto aos seus direitos e ao dever de as empresas garantirem condições seguras de trabalho.

Para a juíza Carolina de Souza Lacerda Aires França, gestora regional do Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, esse cenário acende um alerta sobre os custos e as consequências desses processos para as organizações. “Além das indenizações, as empresas enfrentam despesas com contratação e treinamento de novos profissionais e suportam perdas de produtividade durante o período de adaptação”, explica ela. “Por isso, investir em programas de prevenção, em capacitação contínua e em melhoria das condições de trabalho é essencial para reduzir riscos, evitar litígios e proteger a saúde dos trabalhadores.”

Especialistas em saúde ocupacional lembram que a identificação precoce de riscos — como falta de equipamentos de proteção, jornadas excessivas, ergonomia inadequada ou exposição a agentes nocivos — é o primeiro passo para minimizar acidentes e doenças no ambiente de trabalho. Além disso, ressaltam a importância de:

  • Sessões de treinamento periódicas sobre segurança e uso correto de EPIs;

  • Inspeções regulares das instalações e máquinas;

  • Pesquisa de clima organizacional para detectar fatores de estresse e cansaço;

  • Campanhas de conscientização envolvendo líderes e equipes multidisciplinares.

Para as empresas do Amazonas, essas medidas podem significar não apenas a diminuição dos processos trabalhistas, mas também ganhos em produtividade e melhora na retenção de talentos. Com números que não param de subir, a adoção de uma cultura de prevenção passa a ser imprescindível tanto do ponto de vista legal quanto econômico e humano.

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