Iniciativa na Amazônia alia educação, tecnologia e agroflorestas para combater mudanças climáticas

As mudanças climáticas já são uma realidade palpável, e a Amazônia desempenha um papel crucial nesse cenário. Entre agosto de 2023 e julho de 2024, o desmatamento na região teve uma redução de 30,63% em comparação ao período anterior, segundo dados do Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (PRODES). Apesar dessa queda, ainda foram desmatados 6.288 km², o que mantém acesa a preocupação com os focos de calor e queimadas no bioma.

Em resposta a esses desafios, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), em parceria com a Dell Technologies, Intel e Computer Aid, está implementando o projeto “Quintais de Floresta” na comunidade Boa Esperança, localizada em Manicoré (AM), próxima à Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Amapá. Essa iniciativa faz parte do Solar Community Hub (SCH), que busca integrar tecnologia e sustentabilidade para promover a adaptação e mitigação das mudanças climáticas.

Os “Quintais de Floresta” referem-se a sistemas agroflorestais (SAFs) implantados nas comunidades para garantir segurança alimentar e fomentar a bioeconomia local. Esses sistemas contribuem para a conservação da biodiversidade, armazenamento de carbono, melhoria da qualidade do solo e regulação do ciclo hídrico, sendo fundamentais no enfrentamento das mudanças climáticas.

O Solar Community Hub, ativo desde 2022, opera em quatro eixos: monitoramento socioambiental, educação, infraestrutura e saúde. Movido por energia solar, o espaço oferece acesso à internet, educação digital, cursos de formação profissional, atividades de sensibilização ambiental para crianças, telemedicina e sistemas de coleta e filtragem de água da chuva, beneficiando a comunidade de Boa Esperança e outras dez comunidades ribeirinhas, incluindo uma indígena formada pelos povos Mura, Tenharim e Apurinã.

Nesta nova fase, o projeto focará na capacitação de professores sobre mudanças climáticas, abordando causas, consequências e soluções, com o objetivo de formar estudantes como agentes de mudança. Além disso, serão realizadas atividades de saúde, como mapeamento de hábitos alimentares e socioambientais, webpalestras, teleorientações e atendimentos psicológicos.

Na infraestrutura, será instalado um sistema de captação, armazenamento e reutilização da água da chuva nas escolas, garantindo acesso à água potável e irrigação das espécies introduzidas nos quintais.

No monitoramento socioambiental, jovens da comunidade serão capacitados para coletar dados locais utilizando tecnologia, validando informações de satélite sobre uso do solo e impactos do desmatamento. Um painel Power BI será desenvolvido para análise e disseminação dos resultados.

O projeto também contará com o “Curupira”, uma inovação do Laboratório de Sistemas Embarcados da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que utiliza Inteligência Artificial para monitoramento ambiental. No contexto educacional, será denominado “Uirapuru” e auxiliará na identificação de espécies da fauna local, promovendo a conscientização sobre a importância da biodiversidade.

Com essa abordagem integrada, o projeto busca fortalecer a resiliência das comunidades amazônicas frente às mudanças climáticas, promovendo desenvolvimento sustentável e conservação ambiental.

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