A Casa Branca anunciou nesta quinta-feira (19) que o presidente Donald Trump deve decidir em até duas semanas se participará da campanha aérea de Israel contra o Irã. A decisão dá espaço para possíveis negociações que, segundo informações extraoficiais, estão em andamento.
De acordo com a secretária de Imprensa Karoline Leavitt, Trump afirmou que tomará a decisão “com base na chance substancial de negociações que possam ocorrer ou não em breve”. Já a agência Reuters informou que houve contatos diretos entre o chanceler iraniano Abbas Araghchi e o negociador americano Steve Witkoff, indicando uma possível reaproximação diplomática. Paralelamente, emissários iranianos se reunirão com representantes europeus em Genebra, na Suíça, para tratar do assunto.
Na quarta-feira (18), Trump mudou o tom das declarações: se antes ameaçava matar o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, passou a dizer que “pode ou não pode” atacar, decidindo “no último segundo”. Ainda assim, ele reconheceu que o Irã demonstrou interesse em conversar, apesar da rejeição de Khamenei a um ultimato que pedia “rendição incondicional”.
O líder iraniano, por sua vez, criticou a interferência americana e qualificou a presença dos EUA como um sinal de fraqueza do regime israelense. Enquanto isso, os Estados Unidos reforçam sua presença militar na região, com três grupos de porta-aviões no Golfo e no Mediterrâneo. Trump enfrenta um dilema: a base radical que apoia não quer nova guerra, mas ações militares trazem riscos elevados.
Um dos maiores desafios é o que ocorreria após uma eventual mudança de regime no Irã, já que a oposição local é fragmentada e não há um plano claro para o futuro, cenário que pode repetir o caos visto em países como Líbia, Iraque e Afeganistão. Até mesmo o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu suavizou seu discurso, afirmando que a mudança de regime não é um objetivo, mas pode ser uma consequência das ações contra Teerã.
Enquanto isso, Israel mantém ataques contra o programa nuclear iraniano, e o Irã responde com disparos de mísseis balísticos. Caso os EUA ataquem, a prioridade pode ser apenas o programa nuclear. A mídia americana informou que Trump aprovou, mas ainda não finalizou, o uso de uma “superbomba” para destruir as estruturas subterrâneas do Irã.
Por fim, enquanto a situação se desenrola, três aviões da presidência iraniana foram detectados viajando para Omã, onde o país atua como mediador nas negociações para retomar o acordo nuclear de 2015, do qual os EUA se retiraram em 2018. A proposta dos americanos agora exige o fim total do enriquecimento de urânio pelo Irã, que alega utilizar o processo para fins pacíficos.
Khamenei, entretanto, mantém-se inflexível, e um relatório recente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que o Irã está em violação total de suas obrigações. Em resposta, o porta-voz iraniano classificou a agência como parceira de “uma injusta guerra de agressão” após declarações de seu diretor, Rafael Grossi, que afirmou não ter provas da tentativa do Irã em construir armas nucleares.